O receio de praticar exercícios físicos vive entre os pacientes com glaucoma, principalmente devido ao aumento da pressão nos olhos. Entretanto, estudos apontam que se exercitar pode auxiliar e muito no manejo da doença.
Doença grave que acomete mais de 80 milhões de pessoas no mundo – 1 a 2% da população mundial – segundo a OMS, aproximadamente 1 milhão de pessoas no Brasil, o glaucoma surge a partir do aumento da pressão intraocular. Como consequência ocorre a perda da visão, advinda da destruição das células ganglionares.
Entre os principais sintomas estão dores nos olhos e dores de cabeça. Além de objetos criarem “contornos” – os “halos” na linguagem médica – uma aura brilhante em volta dos elementos, principalmente durante o dia. Pacientes com glaucoma também relatam diminuição do campo de visão – que acontece pela pressão no nervo óptico – bem como fotofobia excessiva.
Vale lembrar que o glaucoma é uma doença inicialmente assintomática. A perda de visão só se dá em fases mais avançadas, e em níveis iniciais a visão periférica é a primeira parte a ser comprometida. O tratamento inclui colírios, que seguirão em uso até o fim da vida do paciente. Portanto, faz-se fundamental visitas regulares ao oftalmologista, uma vez que o diagnóstico precoce garante mais chances de manejo da doença.
SEM DOR E MUITOS GANHOS!
Sentir-se melhor, aumentar a energia e ainda viver mais – estão entre os principais benefícios de se exercitar frequentemente, segundo a Mayo Clinic, hospital, referência em todo o mundo. Exercícios físicos ajudam a controlar o peso, bem como previnem doenças do coração, aumentam o colesterol bom, e diminuem a chance de AVCs, pressão alta, depressão, ansiedade e câncer.
Ainda segundo a Mayo Clinic, exercícios regulares ajudam a aumentar a força muscular, o que contribui para a geração de energia no geral. Além disso, a prática está associada à melhora na qualidade do sono e na saúde mental dos praticantes, diminuindo o estresse e aumentando a sensação de relaxamento e felicidade.
Entretanto, apesar de tantos benefícios já conhecidos, o Brasil é uma das nações que menos se exercita no mundo. Segundo pesquisa conduzida pela Organização Mundial da Saúde em 2021, 47% da população brasileira não se exercita regularmente. Se dividirmos por gênero, entre os homens o índice fica em 40,4% de sedentários, enquanto entre as mulheres o número é de 53%.
De acordo com a organização, para sair do sedentarismo, pessoas devem praticar duas horas e meia de exercícios físicos por semana, configurando 75 minutos de atividade física de alta intensidade.
A POLÊMICA E A VERDADE ENTRE EXERCÍCIOS FÍSICOS E GLAUCOMA
Ainda que, em um panorama mais aberto, exercícios físicos sejam extremamente benéficos para os praticantes, seria o caso mesmo para pacientes em quadro de glaucoma? Entre os grandes medos desta população está o aumento da pressão no geral – que pode agravar o quadro no geral.
Segundo a entidade Glaucoma Associates of Texas, a prática regular de exercícios físicos pode sim, diminuir a pressão intraocular. Ressaltam não haver necessidade de exercícios de alto impacto; uma caminhada rápida por 30 minutos, a cada dois dias, já demonstra significativa melhora na qualidade de vida de pacientes com glaucoma.
Ainda, conforme estudo publicado no periódico Inglês Eye Vision, a prática de exercícios físicos está amplamente relacionada a diminuir a pressão intraocular bem como a aumentar o fluxo sanguíneo ocular. Isso certamente facilita o tratamento da doença. Entre as conclusões está a indicação de exercícios durante o período da noite, uma vez que eles demonstram um papel importante na contenção do glaucoma.
Outra indicação mais específica para quem vive com a doença são os exercícios aeróbicos, como caminhadas mais intensas, nadar, andar de bicicleta ou treinar em aparelhos de academias. Além disso, recomenda-se cuidado com a yoga, evitando-se exercícios nos quais há posições “de cabeça para baixo”, bem como precaução nos que exijam força, com a indicação de não passar de pesos de 100 quilos, apesar de os resultados de estudos da área serem inconclusivos.
É melhor prevenir do que remediar, sempre.